27 de mai. de 2011

Diálogos Hemprováveis #4

"e aí, tudo bele?
"tudo, e com você?"
"tranquilo. Nossa, que sorriso lindo, o que te alegra tocando aí nesse fone de ouvido?"
"jusntin timberlake, vc gosta?"
foi quando percebi um alface naqueles dentes lindos




Pedro Ormuz

16 de mai. de 2011

Um cara qualquer, com o relógio parado (...e a vida andando)

     E todo dia ele acorda cedo, vira a cara para o lado e dorme até ficar atrasado. Não sabe o que tem pra fazer até a hora do trabalho, mas levanta com o ar desesperado de gente por demais atarefada. Afobado, toma café gelado, mora com a mãe e está mais uma vez reclamando do horário.
     Tem o resmungado afiado, bem disposto a praguejar a vida e os vivos, adora livros que ainda não compreendeu e está bem a continuar investindo no nada.Telefone desligado, amigos atarefados, e ele vivendo atrasado, vendo os desenhos repetidos da TV.
     Planos? Um monte deles, cada dia mais um. Belos planos mirabolantes e um desejo reprimido que todos o venerem, que reconheçam o valor que ele, que nem ele, assume que tem.
     Já na hora do trabalho, caminha calmo, aproveita esse instante pra reclamar na sua cabeça sobre o desperdício de tempo pela manhã. E trabalha como um cachorro, enganado pela lábia do patrão, lidando com meninas que ele nunca comerá e vai pra casa no fim, pensando em acordar cedo e mudar de vida.
     Tem a memória curta ou se perdoa fácil? No outro dia deixa a mudança de lado e volta a reclamar do mesmo, do mais do mesmo. Ele não mudará, ama essa condição abocanhada pela mediocridade e odeia sair da mesa de barriga vazia.
     Já leu uma vez que há homens que nascem póstumos e percebeu se observando que - ele perde muito tempo com isso - que também há homens que pra vida não nascem.

#91 Mudo

O aconchego era muito
o carinho era tanto
ninguém percebeu o silêncio

com os toques de silêncio tocando
em mudez
mudamos os planos

Dei sorrisos à paraísos perdidos,
perdidas outras me parasitando.
Nos enfeitiçaram outras fadas,
com outras varas,
outros magos com outros mantos.
E na mudez nos mudamos.



Pedro Ormuz

15 de mai. de 2011

Retalhar retalhos

Ouvi dizer por aí
que você ia me abandonar
me abandone então,
me deixe só, e em vão,
vá pra lá:

Correr atrás da vida inteira,
trocar sempre os pés e as mãos.
Tecer sua colcha de retalhos
e retalhar seu coração


Pedro Ormuz