29 de dez. de 2011

XIX

É preciso falar
Treinar a pontaria
E tendo boa arma
Mirar alvos superiores

XVII

Anote aí, no seu note
essa nota que direi:

— Não se perca por pouco,
o absurdo está além,
se nada volta,
tudo pode recomeçar.

XVI

Pagando caro por receber pouco
pagando caro
pagando
pagando caro
caro por receber pouco
pagando caro por receber pouco

XV

Homem do espaço,
já ouvi seus gritos,
tudo pelo rádio

Homem do espaço,
habitante do zero G,
respire fundo no vácuo

Você longe da Terra
Eu numa órbita fora do espaço
Você seis meses nessa nave
Eu o ano todo entediado

XIV

Faça sol
Faça chuva
Faça Café

XIII

Quanto mais bonito se acha
mais se é.
Mas sábio não.

XI

Enrola um cigarro
Desenrola um papo

X

Juvenal cansou de ser discreto
descreveu seu riso
nada discriminou dos excessos

IX

Crise Existencial, um novo big-bang, na cabeça de Juvenal

VIII

O medo que move
O marco que morde
A ameaça que ameniza

Um sonho sujo
De vermelho vinho
Desejo e cobiça

VII

Pobre Rico

E o dinheiro? Estive anos sem ele
e não recebi por mérito meu.
E daí, meu chapa!
Eu tenho um milhão de dólares
e posso ter a mulher que quiser.
Se você me conhece,
sinta orgulho,
só os bons me rodeiam.
Eu tenho dinheiro.
Mais nada.
O que mais precisaria?

VI

Infinitos esqueceram de mim...

E meus pais saíram de viagem
a casa é minha
O mundo ainda é deles
Mas que mundinho sem graça

Mal sabem eles que estou:
comendo sorvete e acordando tarde
assustando ladrões e assistindo godfather

Há por aqui uns ladrões babacas
Pr'eles nem me escondo de baixo da cama
"Eu sou o Homem da casa"

V

O mesmo filme na tv
ele me leva 15 anos no tempo
mas são ainda mais velhos

IV

Bom aconchego é o amigo
se faz presente só de pensar
e da saudade daquele cara
fez a vontade ir lá visitar

Raros amigos e raras visitas
Pois é, o tempo ensina aceitar

III

Cordeiro Santana

Quanto desperdício de tempo
pra você se manter atento
a se limitar no pouco
de manter-se avesso a Ti

II

O cheiro Humano: um frescor
Um erro Humano:  fati amor

e eu escrevendo pra tentar me situar

I

I

Toca a Ti

O que te repele toca-te
O que te fura toca-te
O que temes toca-te
Você sozinho te toca
e todo o mundo toca a ti

Excrementos de dezembro

Do dia 24/11 até o dia 31 de dezembro de 2011, postarei aqui os "Excrementos de Dezembro":
Textos, frases soltas, poemas, sem objetivo ou estilo, todos expelidos nesse intervalo de tempo.

Boas festas, absurdas e psicodélicas festas de fim de ano e seus excrementos.

24 de out. de 2011

Poema do Recalcado

Em mim, uma parte
sem delongas, ataca em poesia

Como sou e quanto falo
outra se alonga, proseia sem rimas

Se couber numa cadência,
deve ser que música vira

Porém há a que se cala
E em fantasia ou recalcada
é qual de mim mais fala

17 de out. de 2011

Esse velho penteado

eu te conheço
eu lembro
eu sei de você

esse penteado já tá velho
é do meu tempo

e o meu tempo
você fingiu esquecer

então troque esse penteado

13 de out. de 2011

Na casa vazia

Na casa vazia,
não tem hora pro almoço,
não tem motivo pra não experimentar um novo penteado,
não há porque não fazer desse corredor uma avenida,
do meu cachorro um público,
do meu sofá um palco,
dos meus livros mil mundos
e da saudade uma ligação pra sua casa

"oi, vem pra cá"

8 de out. de 2011

Parte de mim

as madrugadas ainda são de recordação,
mas que porra é essa de ficar lembrando
que Fraqueza é essa de desejar o que não dá?

toma um rumo meu amigo, você já está bem cheio de calos, repleto de remendos, nem te falo sobre os trapos que te mantêm na moda, bicolor, dando um belo apelido pra monocromático.

Acorda, ela é da vida, você da morte.

23 de set. de 2011

Tripalium

Preciso de grana
preciso de comer

Sonho pra viver
Vida de sonhar

Preciso trabalhar
me vender
me vendar

17 de set. de 2011

Às traíras

Eu precisava expor essa angústia, esse peso de invasão
que não contava com sua astúcia, com a pedra no coração

Nada é o que me parece
e a resposta é sempre a mesma
um delinquente estrondo de amor
no mundo dos surdos

Meu pincel coloriu nesse quadro, cores que em mim não cabia
e o desenho do seu retrato, e a história da sua vida

Tudo é o que me pode
é a pergunta que deve mudar
um lúcido sussurro de ódio
no ouvido de quem aguentar

11 de set. de 2011

O que ainda há

"não será o fim,
se você não voltar mais,
cuidarei de mim,
mesmo se eu ficar pra trás

Mas chegue perto de mim
só vá mesmo no fim
aproveite o que ainda há"








Viagens, voz, teclado e violão meus.
Pedro Ormuz

3 de set. de 2011

Psicodelia e Absurdos


digite lento se vc estiver louco demais
mas não digite menos
tragas um copo
tragues um cigarro
siga adiante
escreva gemendo
vomitando colorido
rindo em branco em preto
mas escreva mais

meio ébrio, meio sóbrio, meio meu, resto teu


tem dias que eu chego bêbado
penso numa, penso em duas
três garotas?
que nada
três cervejas

elas sempre ficam geladas e vão esquentando
e ficam chatas quando ficam quentes demais
as cervejas?
que nada
as garotas

nem entendeu, pegou no papel, você precisava ver essa letra quando achei o rabisco
ele escreveu mel, ela escreveu fel,
eu não escrevi porra nenhuma

dor


sim eu tive tempo de repensar
sim
eu chorei
chorei demais
e quero ainda mais

17 de ago. de 2011

Há pelos na pia
te vi deitado na sala
Dormiu lendo um livro
com a barba raspada

Passeamos todo o domingo
visitamos os amigos
Sorrimos até cansar
e você descansou na sala

Vim te buscar
meu belo adormecido
Vem pra nossa morada

Guardei pra ti um lugar
fiz um ninho
O conforto de sua namorada
Vou pra cama
mil livros me rodeiam
O sono impede de ler
adormeço lendo
antes havia um
desatento boa noite
de qualquer pessoa
mal tormento hoje
só há livros

16 de ago. de 2011

O Próprio Amor-prÓprio

Estava tão só que fugiu de si
escreveu uma carta pra casa,
terminou tudo pelas frases.
Não abriu quando recebeu
ignorar estava na moda
ter razão, não

E pode piorar

Miojo e cubos de carne
Tang e cubos de gelo
nenhuma mulher na cama
nenhuma puta na sala

Pode ser pior
poderia haver um corpo
frio estendido no banheiro

Poderia ser pior
minha mulher ser puta
minha puta não ser mulher
Não posso mudar a paisagem
- errei tentando, mas tentei

Agora tento olhar mais longe
- e me enxergar mais perto

Sou um homem do futuro
- sei me dedicar ao agora

2 de ago. de 2011

Gentil Descanso

Haverá tranquilidade
paz
em todas as tensões
em cada músculo, cada parte
da testa ao queixo
nas dobras das mãos
a gentileza, a pureza
o último carinho da vida
feita no aconchego
e de volta ao lar
entregue ao mundo
de verdade, apenas
morto

Poucas batidas por minuto

Você me parece muito cansado
cansou até de não ser você
cansou dos medos
que
te prendiam a nada

Estou apenas sussurrando
ao seu ouvido
você semiconsciente
eu
nem sei porque
tento mantê-lo acordado

O que você´me permite
além de atuar
fingir tanto sofrer
é ver

Sussurrando ao seu ouvido
"feches os olhos
não há mais nada
a temer
diga adeus"

Cortando (cortando mais, sangrando menos)

Ela se move de um lado
se move para outro, dança
bebe outro gole, dança
De um lado para outro

Também o cabelo, de um lado
Quando ela dança, para outro

Tem a língua afiada
há de usar
A pele de cobra
que sai entre os dedos
e se enrola na mão
com a língua
afiada

cortando

de um lado
para outro



.

TTTÉDIO

Fumar
então fumar mais
dormir
Acordar com raiva
Fumar
pra passar

Num sábado desses
há garotas nos clubes
há moças no sol
de óculos escuros
molhadas
tanguinha, requebrando

Eu acendo outro baseado
olho adiante
nada vejo

Até que a fumaça some
o efeito passa
E
nada vejo

Essa merda
não ia me levar além?


.

Noutros Papos

Há outros papos que quero ter contigo
mas não quero descrevê-los
Deixa pra gente ver isso depois
vamos tentar o que ainda não tentamos

e agora já percebemos, o tempo

o tempo pede pra tentar
passa lento aos que não vão
o caminho fica grande
aos que só caminham

E nos outros papos, baby
Tanto faz em quanto tempo
ou sequer por onde
depois vou te contar

18 de jul. de 2011

Não à calma

Que leve e suave sua chegada,
passos ingratos que trouxeram
que já levaram e então vieram
pra devolver a calma esperada

É injusto pedir um favor?
Posso eu querer-te mais?
Tenho pressa de ti

Pedir tempo ao tempo
É só dar a si, pouco do tempo
em tempo demais



Pedro Ormuz

30 de jun. de 2011

ps.: ...

você me desafina
seu tom é outro
seu timbre é belo

mesmo desafinado por você
canto mais alto por mim
e me perco nas minhas músicas
que são suas

22 de jun. de 2011

talvez tenho dito já todas as coisas, mas sinto que ainda devo dizer mais
há um nó na garganta que tento fingir não incomodar
tento não te atrapalhar e me atrapalho com tudo isso

não é só falar, não é só tentar,
perder nesse jogo dá medo de em outro jogo entrar

as pessoas são um jogo de azar



Pedro Ormuz

8 de jun. de 2011

Poema do novo (de novo)

Eu não penso em saber o que eles pensam,
de fato, isso eu até quero,
mas me impressiona, de bom grado:
a dúvida e a possibilidade da dissolução.

Foi-se o tempo de pensar negativo,
foi-se o positivo e ficou o novo.
O novo é o tempo dos fatos,
e o tempo dos fracos é o anteontem

Não queimo retratos, cartas eu guardo.
Fica claro que sou do passado:
Do passado adiante passando

Onde melhorar em mim? Esse caminho é assim.
Não me resta outra alternativa:
Melhorar o mundo me melhorando.

27 de mai. de 2011

Diálogos Hemprováveis #4

"e aí, tudo bele?
"tudo, e com você?"
"tranquilo. Nossa, que sorriso lindo, o que te alegra tocando aí nesse fone de ouvido?"
"jusntin timberlake, vc gosta?"
foi quando percebi um alface naqueles dentes lindos




Pedro Ormuz

16 de mai. de 2011

Um cara qualquer, com o relógio parado (...e a vida andando)

     E todo dia ele acorda cedo, vira a cara para o lado e dorme até ficar atrasado. Não sabe o que tem pra fazer até a hora do trabalho, mas levanta com o ar desesperado de gente por demais atarefada. Afobado, toma café gelado, mora com a mãe e está mais uma vez reclamando do horário.
     Tem o resmungado afiado, bem disposto a praguejar a vida e os vivos, adora livros que ainda não compreendeu e está bem a continuar investindo no nada.Telefone desligado, amigos atarefados, e ele vivendo atrasado, vendo os desenhos repetidos da TV.
     Planos? Um monte deles, cada dia mais um. Belos planos mirabolantes e um desejo reprimido que todos o venerem, que reconheçam o valor que ele, que nem ele, assume que tem.
     Já na hora do trabalho, caminha calmo, aproveita esse instante pra reclamar na sua cabeça sobre o desperdício de tempo pela manhã. E trabalha como um cachorro, enganado pela lábia do patrão, lidando com meninas que ele nunca comerá e vai pra casa no fim, pensando em acordar cedo e mudar de vida.
     Tem a memória curta ou se perdoa fácil? No outro dia deixa a mudança de lado e volta a reclamar do mesmo, do mais do mesmo. Ele não mudará, ama essa condição abocanhada pela mediocridade e odeia sair da mesa de barriga vazia.
     Já leu uma vez que há homens que nascem póstumos e percebeu se observando que - ele perde muito tempo com isso - que também há homens que pra vida não nascem.

#91 Mudo

O aconchego era muito
o carinho era tanto
ninguém percebeu o silêncio

com os toques de silêncio tocando
em mudez
mudamos os planos

Dei sorrisos à paraísos perdidos,
perdidas outras me parasitando.
Nos enfeitiçaram outras fadas,
com outras varas,
outros magos com outros mantos.
E na mudez nos mudamos.



Pedro Ormuz

15 de mai. de 2011

Retalhar retalhos

Ouvi dizer por aí
que você ia me abandonar
me abandone então,
me deixe só, e em vão,
vá pra lá:

Correr atrás da vida inteira,
trocar sempre os pés e as mãos.
Tecer sua colcha de retalhos
e retalhar seu coração


Pedro Ormuz

1 de abr. de 2011

De E para B

se cuida
te cuido
te cuida
cuidados pra mim

te ama
te amo
te sou
cuidados pra ti

te velo
te venho
te fecho
vestida pra mim

de amores
de sabores
de acordes
acordado pra ti

14 de mar. de 2011

Da cabeça baixa, pra cabeça alta

A partir de qual momento começo a
ultrapassar  meus limites e quando
irei transpô-los, pra  menos ou pra
                   mais

Do certo pro errado
       do ignorante ao mestrado
Do colega pro amigo
       do amado ao abandonado



E é quando que se torna homem
que se passa a a escrever sua
história após viver tantos
                contos

De romances inacabados
       de ficções mirabolantes
De russos sorumbáticos
       de deuses dançantes



E a mudança mais bem aproveitada
que torna os vestígios um caminho
que traz ao novo ninho a nova
                alma

Da pureza ao sangramento
       da pele lisa à barba
do adulto à calma
       do fluído ao firmamento



E a aceitação desse novo caminho,
a subida dessa escada, menos
pela sorte e aflitos, mais por amor à
                   batalha

De ter lido e ter relido
       de ter entendido e esquecido
Por amor aos fatos e destino
       eis a mudança esperada:



Da cabeça baixa, 
pra cabeça alta

5 de mar. de 2011

Minha Pu*a

mulheres com os seus dons de não fazer nada
eu por aqui com a boca arreganhada
de te ver sorrir ao chegar na balada
olhando pra mim com cara de quem não quer nada

sorrisinho fingido de quem já planejou tudo
me leva prum canto prum lugar inseguro
me chama de nada e acha que é absurdo
descansa de mim num suspiro que inspira tudo

28 de fev. de 2011

Conseqüência Natural

Ter isqueiro e acender
Ter fósforo e riscar

Ter olhos e ver
Ter fumo e fumar

Ter saudade e doer
Ter amor e perder

Ter esperança e acabar

17 de fev. de 2011

Na noite não cessa

Marginais da noite
Seres vermes alados.
bêbados nos carros,
sóbrios apedrejados

Seres que caminham
nos becos das árvores
Se escondem e vingam
sombras que eram do passado

Meninas corrompidas
maridos desesperados
taxistas que levam drogados

Meninos semfamília
pedras e estalos
cigarros e dia roubados

14 de fev. de 2011

Sua Sombra

ainda vejo sua sombra,
em luzes que não tem tanto brilho
ainda percebo sua aura
ainda vejo seus rastros
mal percebo que sigo o seu caminho.

nem quando me arrasto
deixo de te ver.
perto do chão vejo mais nítido
o que vejo da sua sombra

13 de fev. de 2011

quando você foi embora

se ao menos tivesse morrido


,

12 de fev. de 2011

Faz marra

Ela não vai, mas manda dizer que saiu
Ele não cede, mas faz cena na despedida

Se constroem no evitar
E evitam se compor

Compõem-se ao evitar
(se destruírem)

11 de fev. de 2011

O Facebook e o Fio Terra

Uma cutucada diz muita coisa
Uma cutucada diz quase nada

Numa cutucada só fiz: cutucar de volta

6 de fev. de 2011

De cara com a rua

foi chutado foi morto
foi atropelado foi varrido
surgiu do nada
comprou briga e perigo

levou na cara
ainda não tomou juízo
fez pirraça
ficou com corpo estendido

agora não come não fica de pé
precisa de ajuda não tem mais mulher

brigou na rua
com um mais locão
levou soco na cara
foi parar no chão

22 de jan. de 2011

a diante

dar um passo a diante é fácil
difícil é deixar tudo pra trás

14 de jan. de 2011

Uma canção dos bardos

Cada um sossegado, na sua, com o seu, na mão

Olhando pro nada
e pensando em tudo
Ficando maior
a cada segundo

Na bagagem do dia-a-dia
o sonho do futuro absurdo

Mirando o nada
e acertando em tudo