Tudo estava confuso, fazia tempo que Fabrício não bebia e nunca havia usado drogas, então veio-lhe ao pensamento que alguém poderia ter sondado sua casa enquanto ele dormia, atirado no sofá e com a tv ligada.
Passado um pouco do susto, ele resolveu tomar seu banho, deixando o café para tomar na padaria, quando compraria mais um maço daquele cigarro mentolado escroto.
Mas ao entrar no banheiro, outro susto! O papel higiênico havia acabado, o creme dental estava aberto e o chão molhado. Era então, confirmada a suspeita, alguém havia entrado ali e de alguma forma deixado a cabeça de Fabrício muito confusa.
Olhou no quarto, sim, alguém dormiu lá, comeu um pedaço do queijo na geladeira e saiu antes do dia raiar.
O cheiro de coisa estranha pairava pelo ar, resolveu, pois nada havia sumido, não chamar a polícia. Enquanto conferia na agenda o telefone de algum amigo para relatar os acontecimentos.
Quando ia descer para o trabalho, resolveu chamar os políciais, e então iria esperá-los na portaria do prédio, pois, subitamente, o medo começou a tomar conta do apartamento.
Na descida estranhou o sorriso do porteiro, pensou: “Será que esse homem sabe de alguma coisa, entrou na minha casa e descobriu tudo?”, — mas o porteiro já veio logo o cumprimentando e elogiando a beleza que Fábia era dona.
Fabrício tomou o celular em um instante e ligou para a irmã, Fábia, que noticiou que havia chegado bem cedo e feito o que devia, sem barulho; que saiu cedo, às 6:30, para pegar a fila de um órgão público, afim de tirar a segunda via de sua carteira de identidade.