16 de set. de 2012

Atemorizadus Blattaria


A luz acendeu, eu fiquei imóvel. Eu estava no azulejo perto da pia. Ao lado do lixo, onde há uma de nossas saídas. 
Ele entrou, abriu a geladeira e retirou a garrafa de água. Hesitou. Foi até a pia e serviu-se de um copo.
Retornou até a sala e voltou com um chinelo na mão. Eu desesperei, três primas correram, Ele foi até perto da geladeira, empunhando a havaianas. Ergueu o braço. Eu desesperei mais ainda, corri pra perto do esconderijo, olhei para trás e pude perceber a sombra do chinelo diminuir, até todo o corpo daquela arma, matadora de nós, por ao fim a vida de uma prima minha gorda. 
Ela que havia tido sua primeira ooteca há alguns minutos. 
Afim arejar a cabeça saiu pra dar uma volta, queria ter ido longe, provavelmente pensando no futuro de seus filhos.
O estralo da havaiana ainda ecoa em meus ouvidos. Eu não saio da toca há dois dias, nem pra ir ao lixo, nem aos restos na pia. Eu temo por minha vida. E já ouvi rumores que haverá dedetização.



Pedro Ormuz

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