As coisas não vão muito bem, você disse que ia sair de casa esses dias e só voltou hoje pra buscar a moldura do quadro que ia dar pra sua tia no fim de julho, no dia no aniversário dela.
Deixou um vazio tão grande aqui, o pior foi quando vi que você esqueceu, perto da máquina de lavar roupa, aquele seu tênis que usou no dia em que a gente foi no sítio de um casal amigo, nossa como ele está sujo, meu bem.
O fim de um relacionamento, percebo agora, pode ser tão facilmente comparado com a morte, mas eu nunca tinha entendido isso, e queria não ter precisado de entender.
Alguns planos acabam sendo abandonados, como aquele de comprarmos uma ação no clube ou a viagem no fim de ano pra praia. Pra não lembrar também do almoço domingo na casa da minha mãe. Sei que não é uma boa galinhada, mas a gente sempre voltava contente de ter estado lá.
O que fazer com essa saudade, com o eco do meu silêncio nessa sala?
E as crianças que a gente não brindou com a vida, pois é, sempre discutimos os nomes que queríamos dar à elas.
Mas o melhor de tudo amor, é que hoje tive coragem de te escrever.
Mas não desligue o telefone quando eu te ligar sem motivo, como você sempre diz, mas, você sabe bem o porquê das minhas ligações, ou talvez meu soluço consiga te demonstrar.
Com carinho.
De quem a cada dia lembra mais de você, meu amor.
De quem a cada dia lembra mais de você, meu amor.
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